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Mirella S. muito prazer!


("As minhas raízes eu crio, eu vejo uma luz! E as sombras do meu destino, a força que me conduz. E a sorte não espera, seu valor não me seduz." Ed Motta)

Faz alguns anos que me mudei para esta Cidade. A inquietude da juventude borboleteava em minha alma e me fazia sentir um desajuste quase que mórbido de não pertença àquele lugar onde nasci. Não aguentava mais ficar a mercê de uma legião de gente sem perspectivas e sem qualquer possibilidade de abertura num mundinho provinciano e hipócrita. Nasci sereia num mar de tubarões machistas e baleias recalcadas. Na rebeldia dos meus dezoito anos decidi colocar a mochila nas costas e me despedi daquele passado. Sem qualquer vínculo foi mais fácil seguir estrada. Passei de lagarta a frugal borboleta e pousei este meu corpo frágil nem por isso fraco, ainda muito nova, em muitas estações. Vivi situações que me deram mais do que experiência DE vida, deram noção DA vida. Quando cheguei neste prédio, já estava cansada das batalhas. Fincaria raiz. Arrumei um emprego de secretária e dei continuidade a minha vida. Não percebia que estava justamente repetindo os padrões dos quais havia fugido. Algo precisava mudar... borboletas revoavam em meu estômago.

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